Review/avaliação T6 Texan The World Models

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brunollo
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Review/avaliação T6 Texan The World Models

Mensagem por brunollo »

[size=18:380ae3aaaa][color=blue:380ae3aaaa]The World Models T6 Texan[/color:380ae3aaaa][/size:380ae3aaaa]
[b:380ae3aaaa]Um warbird lindo e veloz, mas cuidado com o pouso![/b:380ae3aaaa]

[img:380ae3aaaa]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/T6%20Texan/review%20T6%20Texan/01T6rasante.jpg[/img:380ae3aaaa]
[i:380ae3aaaa]Um clássico Texan faz um rasante veloz em Reno[/i:380ae3aaaa]

Eu gosto da World Models. Muito. Acho os modelos, especialmente os de balsa, bonitos e bem acabados. Tanto que tenho cinco modelos da TWM (Extra 300 EP, planador Sky Walker, Fun Flyer Handyman, P51 Mustang EP40 e T6 Texan EP - e vou avaliar todos). Decidi começar com o T6 Texan, por vários motivos. O Texan é um avião inconfundível, com seu cowl redondo, suas asas com diedro, bordo de ataque enflechado, cauda triangular e aquele trem de pouso de rodas aparentes quando retraído. Ah, o trem de pouso! O trem retrátil é sem dúvida o maior charme de um warbird. Ele valoriza as linhas dos aviões de caça a hélice em uma rápida passagem rasante, e faz muita falta quando vemos um voando com as “canelas secas” expostas como pezinhos de galinha. Um Warbird que se preze precisa de trem de pouso retrátil. Sem falar que, quando eu era criança, um tio torto meu tinha um T6 R/C (sem retráteis...) e eu era louco com aquele avião.
Por isso eu adquiri e decidi construir o T6 Texan da TWM. O modelo vem com trens retráteis mecânicos e um preço bastante atrativo para um Warbird. É todo em balsa e ply, o que valoriza ainda mais a beleza do avião. Sem dúvida, o T6 tira o sono de muita gente por ser lindo e não custar caro. Tirou o meu sono, eu comprei, montei, voei e estou aqui pra contar pra vocês como foi.

[b:380ae3aaaa]O que ele é???[/b:380ae3aaaa]
É um warbird? Definitivamente! O T6 é um dos warbirds mais queridos nos EUA. Os inúmeros pilotos que aprenderam a voar nessas asas e as capacidades acrobáticas avançadas dele fazem com que o T6 seja um avião admirado até hoje. O T6 tem, inclusive, uma categoria de corridas em Reno só dele. E no Brasil foi o primeiro avião voado pela esquadrilha da Fumaça. Sem falar que é um avião lindo.

[img:380ae3aaaa]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/T6%20Texan/review%20T6%20Texan/02T6classicoem4tempos.jpg[/img:380ae3aaaa]
[i:380ae3aaaa]Um clássico em quatro tempos:
1. No começo de sua carreira como avião de instrução. Ele veria combate na frente filipina durante a WWII;
2. Na Esquadrilha da Fumaça, sob o comando do Braga: o primeiro, o mais querido, o inesquecível;
3. Em Reno: um bólido de corrida;
4. Replicado pela World Models como o TA 252: lindo como seus irmãos maiores.[/i:380ae3aaaa]

É um avião esporte? Podemos dizer que sim. Desde que bem construído e obedecendo rigorosamente às reduzidas deflexões dos comandos indicadas no manual, ele possui bons modos no ar. Sobre o pouso vamos comentar depois.
É bonito? LINDO. LINDO. LINDO. É difícil olhar para ele e não se apaixonar. Até porque na maioria das vezes warbirds R/C são grandes e meio desajeitados no chão, além de normalmente terem alguma combinação feia de verde fosco. O T6 é incrivelmente detalhado e bonito, mesmo sendo um pouco menor. O amarelo vivo e brilhante do avião contribui para o impacto dele. No ar, a postura de caçador, as acrobacias bem desenhadas e o voo liso também impressionam quem vê. Definitivamente ele te cativa pelo visual.
É prático? Sim. A asa de 1,12m desmonta, o chicote da asa sai em posição central e é fácil de conectar e desconectar. A tampa da bateria fica bem disfarçada entre o cowl e o canopi e ajuda muito na hora de mexer nas entranhas dele.
É barato? Sim, para um Warbird. Ele custa cerca de 350 reais já com os trens retráteis mecânicos instalados, e isso é muito barato pra qualquer Warbird. A eletrônica para ele também não é cara: ele voa com o eficiente Turnigy 2836 de 1000kv, um speed Turnigy de 30A (com BEC externo, essencial num avião com trem retrátil) e baterias de 2200mAh. A World Models também oferece ele com um brushless dela, mas esse motor é fraco para o avião. Melhor comprar um sem o motor. A pergunta que temos que responder, na verdade, é: vale a pena???

[b:380ae3aaaa]Montando[/b:380ae3aaaa]
Quem já montou um ARF da World Models sabe que eles dão bastante trabalho. As dobradiças vêm desmontadas, a entelagem volta e meia vem vincada ou enrugada e o metal que eles usam pras linkagens é incrivelmente pesado. E eu sou um construtor lento. Construindo um avião cheio de detalhes. Com muita coisa pra fazer. Precisando de uma passada a ferro. E com trens retráteis mecânicos que já vêm montados, mas que precisam da instalação e acerto de um servo de acionamento. Portanto vocês imaginam que levou um bom tempo pra eu montar o T6 “ARF”, certo? Mais ou menos um mês, trabalhando cerca de uma hora por dia. Pelo menos o manual (enorme) é bem completo. A primeira coisa que eu fiz foi substituir o metal pesado das linkagens (20g!) por fibra de carbono de 1,6mm (7g). Depois de estudar bastante e ver que os americanos normalmente montam esse bicho com o motor original e botam mais de 30g de chumbo na frente, decidi não usar nada com a dimensão do motor da TWM: botei um 2836 da Turnigy lá na frente, exatos 32g mais pesado que o motor original. Outro motivo pra eu dispensar o motor original é que ele tem um montante de plástico bizarro e pesado (15g). Olhei para aquilo e não senti um pingo de confiança.

[img:380ae3aaaa]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/T6%20Texan/review%20T6%20Texan/03T6pontosamelhorar.jpg[/img:380ae3aaaa]
[i:380ae3aaaa]Pontos a melhorar:
1. Linkagem de ferro pesada. Nem montei, troquei por fibra de carbono.
2. Montante plástico horrível pra instalar um motor anêmico. Dispensável pra dizer o mínimo.
3. Dobradiças de mylar não vieram instaladas. PORQUÊ?
4. Hélice dobrável horrorosa. Foi embora e uma mais bonita entrou no lugar.[/i:380ae3aaaa]

Sobre a hélice. A TWM oferece em vários aviões uma hélice 10x5 retrátil (e particularmente muito feia no T6). Como eu já tinha dispensado o motor, dispensei a hélice também e no lugar coloquei uma 9x5 HD, que entregava 281w medidos no empuxo estático com o 2836. Acho que ficou bom de potência, não? O Cowl é muito bonito, mas vem preso com quatro parafusos. Decidi usar esses parafusos, mas depois tive que removê-los e prender o cowl com um anel de velcro em volta da fuselagem (nunca me arrependi tanto de furar um cowl tão bonito quanto esse...)
A asa vem em uma peça só. Com 1,12m, ela é relativamente grande, mas fácil de manusear. Os ailerons são estreitos e ocupam apenas a parte externa da asa, um sinal de que o bicho não seria nervoso de roll. As dobradiças são de mylar, o que é bom para a maioria dos comandos, mas elas ficariam muito duras para o profundor (que tem duas folhas e é acionado apenas por um lado). Eu as substituí por dobradiças de pinos. Sobre o profundor: a TWM ofereceu uma das melhores soluções para o profundor de duas folhas que eu já vi: um eixo U plástico interessante que aperta e une as duas folhas permitindo o acionamento do profundor com apenas um arame de linkagem. Reforcei por dentro com uma barrinha de FC e epóxi. Ficou muito rígido e leve. Procurei essa peça para usar em outros projetos mas ainda não achei no Brasil.
A colagem de dobradiças de mylar é um processo lento e chato: eu marco a metade da dobradiça, colo uma por uma com CA na superfície móvel, cubro a área próxima com fita crepe (pra evitar sujar a superfície com aquela caca branca típica de CA), depois alinho as dobradiças na superfície fixa e empurro sem passar cola. Então eu puxo de leve, tento pingar CA com o maior cuidado do mundo com o aplicador fininho em cada dobradiça e empurro de novo. É um saco, e eu hoje só faço assim depois de muito treino e de já ter colado errado algumas superfícies. PORQUE A TWM NÃO MANDOU ESSAS DOBRADIÇAS JÁ COLADAS???
A TWM, por outro lado, arrumou algumas soluções bem boladas para a montagem: a excelente e firme parede de fogo em liteply vem já com porcas cravadas e a furação coincide com o montante em X da Turnigy. O já mencionado horn com eixo para unir as duas folhas do profundor é um espetáculo. O rasgo do profundor na fuselagem não é fechado: o profundor inteiro é montado fora da fuselagem, encaixado, colado e depois um pequeno tijolinho de balsa (coberto com filme amarelo) é inserido no final do rasgo. Sensacional. O rasgo do leme é igualmente bem-feito e o leme encaixa justo e alinhado graças às peças cortadas no laser. O sistema de instalação do servo do aileron, com tampa para esconder o servo, é chato, mas fica muito bonito em voo.

[img:380ae3aaaa]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/T6%20Texan/review%20T6%20Texan/04T6pontosaaplaudir.jpg[/img:380ae3aaaa]
[i:380ae3aaaa]Detalhes a aplaudir:
1. Mesa de motor em liteply forte e com blind nuts já instaladas. O 2836 ficou fixado perfeitamente por lá.
2. Horn do profundor bem bolado. Também dá pra ver as dobradiças de pinos que eu instalei no profundor.
3. Tampas dos servos nas asas dão ótimo acabamento.
4. Instalação do profundor simplificada com o “bloquinho de acabamento”.[/i:380ae3aaaa]

A montagem de servos na fuselagem é padrão: tem uma mesa para dois servos de 9g lá dentro, com conduítes de plástico para o link. Como eu usei fibra de carbono nos links, retirei com muito cuidado os conduítes (isso dá muito trabalho, tem que ir descolando o conduíte de cada caverna com cuidado pra não quebrar, pois a fibra vai passar nesses furos) e emagreci outros 6g no avião.
O que mais pegou foi o trem de pouso mecânico, acionado por servos. Tentei primeiro instalar um MG14. Ele é alto demais, forçava a parte de baixo da asa. Troquei por um HXT 900, já sabendo que ele provavelmente iria quebrar em algum pouso. Tentei os MG929 da Corona, também ficaram apertados. E pra acertar aquele movimento? Um custo. O servo tem que travar os dois trens de pouso, o lugar que o servo trabalha é apertado e, quando ele travava os trens, ficava forçando. “Isso vai dar m***a” eu não parava de pensar. E eu ainda insistia em instalar um servo slower da Turnigy (http://www.hobbyking.com/hobbyking/store/__8863__Turnigy_3_Channel_Servo_Speed_Direction_Regulator.html) , para dar um visual mais escala ao movimento. O servo slower até ajudava a não forçar o servo, e a travar bem os trens. Aproveitei e troquei as rodas feiosas da TWM por rodas bonitas Dave Brown, um pouquinho mais escala. A bequilha é linda, perfeita, e ficou quase escala com uma pequena roda Sullivan de 12x5mm.

[img:380ae3aaaa]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/T6%20Texan/review%20T6%20Texan/05T6tremdepouso.jpg[/img:380ae3aaaa]
[i:380ae3aaaa]O trem de pouso retrátil:
1. Acionamento por servos. Ali, um servo Corona MG que custou a caber...
2. Canelas curtinhas e com mola, com tampas do trem coladas (com CA, manchou tudo!) Por causa delas, o avião pula bastante se o pouso for menos que perfeito.
3. Rodas Dave Brown, bem mais bonitas que as originais.
4. Mecanismo plástico muito frágil e deforma à toa.[/i:380ae3aaaa]

[yt]KvHC_KF4nDg[/yt]
[i:380ae3aaaa]Video do trem de pouso funcionando. É muito bonito no chão, mas em voo quase não dá pra ver...[/i:380ae3aaaa]

[b:380ae3aaaa]Ajustes finais[/b:380ae3aaaa]
Decidi fazer um escapezinho para o T6 na posição original. Ficou bem legal. Outra coisa que eu não fiz mas vale a pena é pintar as caixas de roda do trem de pouso de preto. O visual fica muito bom voando. O mais importante na montagem do T6 e depois nos ajustes é ajustar os servos do trem de pouso. O trem de pouso PRECISA travar, sempre. Se o trem não travar ele colapsa no pouso e toque, quebra o servo e o avião arrasta no chão. Isso é muito chato, porque se o servo estiver com curso demais, trava o trem mas fica forçando, pode queimar ou desarmar o BEC. Se estiver com curso de menos, não trava o trem de pouso. Outra coisa importante para um bom voo do T6 é colocar um pouquinho de diferencial nos ailerons. Isso diminui o stall de ponta de asa do avião. Posicionar o aileron com um pouco de spoiler (2 ou 3 mm na ponta do aileron) ajuda também.

[img:380ae3aaaa]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/T6%20Texan/review%20T6%20Texan/06T6pensandonapraticidade.jpg[/img:380ae3aaaa]
[i:380ae3aaaa]Pensando na praticidade:
1. Tampa da baia de bateria com fecho.
2. Asa em uma peça desmontável.
3. Baia de bateria grande e espaçosa.
4. Montagem da bequilha intuitiva e eficiente (com a linda rodinha Sullivan). Padrão nos modelos TWM.[/i:380ae3aaaa]

[b:380ae3aaaa]Escala[/b:380ae3aaaa]
Tem uma coisa especial a respeito de aviões escala, que é a replicação de algo que existe de verdade. O T6 segue bem a escala de um avião original. Voando, é incrivelmente parecido com um avião de verdade. Isso se deve muito ao formato das asas. A proporção entre a envergadura e o comprimento é exatamente igual à de um T6 de verdade, e a escala desse T6 é de 1/9. Os detalhes menos escala são algumas curvas no bico e o montante posterior da asa. De qualquer forma, são bem executados. O T6 ainda traz a tomada de ar lateral esquerda do carburador. Eu procurei muito um spinner boleado, uma característica marcante de alguns T6, mas não encontrei. Então decidi deixar apenas um spinner de alumínio rosqueado pequeno na ponta da hélice. Os adesivos são de qualidade e obedecem às marcações do TA252 original. O único senão (que você não saberia a menos que visse as fotos do TA 252) é que as asas da USAF aplicadas na fuselagem são um pouco maiores que as originais. Eu também apliquei um motor radial “dummy” na frente do cowl pra tornar o visual mais autêntico e um escape do lado direito com um heat shield como no original. O trem de pouso é mais curto e as rodas são menores que as do avião de verdade (uma característica de projeto, mas ainda assim uma pena.)

[img:380ae3aaaa]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/T6%20Texan/review%20T6%20Texan/07T6encantoemescala.jpg[/img:380ae3aaaa]
[i:380ae3aaaa]Encanto em escala:
1. Canopi com dois pilotinhos: aluno e professor.
2. Cowl brilhante ficou melhor ainda com o motor radial “dummy” que eu inventei ali.
3. Escape com heat shield é aberto e auxilia na ventilação. Também inventado por este que vos tecla.
4. Tomada de ar para o “carburador”.[/i:380ae3aaaa]

[b:380ae3aaaa]Peso[/b:380ae3aaaa]
Graças ao 2836, à bateria de 2200mAh que eu botei lááá na frente na baia de bateria e à troca dos links de metal por de FC, não precisei de adicionar lastro na frente para acertar o CG. Fiquei muito feliz com isso. Afinal de contas, TODOS os T6 montados pelos americanos antes de mim ficaram com mais de 1kg e o meu estacionou nos 873g. Ainda assim, MUITO PESADO para um avião com 19dm2 de asa. Porque um avião de 1,12m de asa e 82 cm de fuselagem ficou tão pesado? A resposta está na construção. O T6 é construído inteiramente chapeado ou com blocos de balsa maciça moldada. Isso dá um resultado muito bonito, com cantos arredondados e supefície lisa, mas fica pesado. Sem falar que o hardware original é também pesado. Por isso, o mais importante na montagem do T6 é se preocupar com o PESO. A ideia inicial era economizar um pouco no peso usando baterias de 1600mAh, mas elas não conseguiam acertar o CG dele. As de 2200 tiveram que entrar no lugar. O bom efeito colateral é que o T6 conseguiria ficar no ar por 15 minutos. Mas eu não faço voos compridos assim. E falando em voo...

[b:380ae3aaaa]Voando[/b:380ae3aaaa]

[img:380ae3aaaa]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/T6%20Texan/review%20T6%20Texan/08T6rasantetrembaixo.jpg[/img:380ae3aaaa]
[i:380ae3aaaa]Rasantes com o trem baixando e subindo são sensacionais![/i:380ae3aaaa]

Agora é a hora de descobrir se o T6 vale o que custa. Até agora descobrimos que ele é barato para um Warbird e que é chato de montar, e que eu tive que atentar para ele não ficar pesado. Mas, com o T6 alinhado na pista, eu não me lembrava disso. Não me lembrava do preço, do fato de que eu guardei ele por mais de um ano pra montar, da chatice na regulagem dos trens de pouso. Eu só acelerei progressivamente e, na hora em que a cauda descolou do chão, acelerei a fundo. Ele deu uma boa guinada para a esquerda (nada incontrolável) e, com uma corrigida decidida de leme e um comando suave no profundor, subiu. A velocidade dele era crescente, a potência era abundante. Bati a chave e o trem retrátil subiu. Lindo! Fui fazer a primeira curva e surpresa! Ele é muito sensível de leme e profundor. Isso acontece por causa da asa comprida para a fuselagem e do bico curto e pesado. Lembrei-me imediatamente, nas pesquisas que eu fiz sobre o avião, do apelido de “hammer” que o T6 de verdade tinha: bico curto e pesado, cauda longa e leve, ele se comporta como um martelo no ar, fazendo curvas apertadas bem em cima do bico. Interessante e, porque não, divertido. Os hammerheads saem bonitos, o stall de badalo é simples. Os snap rolls são perfeitos e saem com facilidade. A faca sai com facilidade, mas de motor cheio. Mas warbirds, mesmo o T6 com suas três décadas de Esquadrilha da Fumaça, não foram feitos para acrobacias hardcore. Foram feitos para rasantes de motor cheio. E assim foi. Cada vez mais baixo, o T6 passava cortando o ar reto como uma flecha, estável e sem se importar com o vento meio atravessado. O barulho da hélice e daquele cowl abrindo caminho contra o vento era de arrepiar. Os rasantes iam se sucedindo, às vezes retos, às vezes um pouquinho inclinados, com o leme generoso apoiando o avião numa faca suave e o profundor agindo com autoridade para manter a trajetória reta. Que visual! Que velocidade! Que diversão! Naquele momento, o T6 traduzia o que o hobby significa pra mim: diversão descontraída. Com o adicional de um visual arrebatador.
E chegou a hora de pousar. Como eu estava com um avião com trem de pouso, decidi me exibir: Passei num rasante mais lento, bati a chave e os trens retráteis desceram num movimento lento e escala. Dei a volta com as canelas baixas e alinhei pra pouso. Vim suave, pois já sabia que esse modelo é chato de pouso. Já havia testado antes a velocidade e o comportamento de stall dele (fiquei preocupado, o stall era relativamente alto e sempre caía de asa direita). Na primeira aproximação, um susto! Eu desacelerei ele demais e a asa caiu pra direita. Dei todo o motor, leme e aileron pra esquerda pra acertar e subir. Ufa! Dei a volta, alinhei e vim descendo um pouco mais veloz. Dessa vez não estolou. Tocou, e outro susto! Pulou, pulou, pulou e foi parar na grama. PUTZ. Fui conferir, e o avião estava inteiro, mas o cowl tinha se movido pra trás e arrebentado os parafusinhos e a madeira que seguravam ele na fuselagem. Além disso, o HXT900 do trem de pouso quebrou os dentes. Fui pra casa puto e triste, há anos não lenhava um avião logo no voo de estreia.

[img:380ae3aaaa]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/T6%20Texan/review%20T6%20Texan/09T6susto.jpg[/img:380ae3aaaa]
[i:380ae3aaaa]Susto! O T6 estola de ponta de asa logo antes de uma tentativa de pouso. A recuperação foi rápida, mas muito tensa.[/i:380ae3aaaa]

[b:380ae3aaaa]Segunda chance[/b:380ae3aaaa]
Na semana seguinte, com o cowl reposicionado e preso com velcro, e um novo servo no trem de pouso, decidi voltar a voar o T6. De novo, um avião divertido no ar, e dessa vez pousei cuidando para que ele não pulasse. Pouso perfeito, sem pulo, “voando no chão”, manteiguinha, eu fiquei feliz. Acelerei e decolei pra mais uma volta e outro pouso. De novo, um toque perfeito, manteiguinha, sem pulo, mas na desaceleração o trem esquerdo colapsa! Que arranhada horrível na ponta da asa... Fui lá, buscar o bicho, triste de novo. Testei o trem, estava travando na mão, aumentei o curso do servo e fui voar novamente. Decolei e vim de novo pra pouso. Com todo cuidado, um terceiro pouso perfeito e o trem inteiro fecha de novo! Dessa vez o dano foi mais sério. A asa ficou completamente rasgada. Os dois servos dos ailerons quebrados. O trem de pouso simplesmente não travava no pouso, apesar de travar sempre na mão. O material plástico de que é feito, na minha opinião, é muito frágil e deformou no primeiro pouso (boing boing) e não mais travava. Além disso, o servo que coube nele não suporta o impacto. Hoje, o T6 está parado no hangar, esperando eu ter ânimo e paciência pra cobrir de novo a asa e trocar o trem de pouso original por um retrátil servoless encomendado para ele. Ele pode até voar de novo, mas o pouso sempre será tenso.

[img:380ae3aaaa]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/T6%20Texan/review%20T6%20Texan/10T6lindocomoumaitaliana.jpg[/img:380ae3aaaa]
[i:380ae3aaaa] Como uma mulher italiana, ele é lindo mas manhoso. E agora? Será que esse T6 voltará a voar?[/i:380ae3aaaa]

[b:380ae3aaaa]É para um iniciante?[/b:380ae3aaaa]
Não. É um avião recomendado para um aeromodelista bem experiente. Mesmo sendo ARF, é uma montagem complexa, o voo é veloz, a velocidade de stall é alta e o pouso é tenso. É recomendado pra quem consegue dominar um escala acrobático bem veloz e de trem convencional. Apesar de em vôo não ter hábitos ruins, a velocidade deve ser mantida alta, e é muito importante que o piloto saiba pousar bem, suave e rápido, esse modelo pede isso e é uma característica própria dos T6.

[b:380ae3aaaa]Video[/b:380ae3aaaa]

[yt]fZkhh0lMfLQ[/yt]

Video editado de três vôos do T6. Filmado pelo amigo Edgar, que está a cada dia melhor no metiê e pilotado por esse que vos tecla. Dá pra ver como ele é veloz e voa liso. Também dá pra ver como o pouso é tenso...
[b:380ae3aaaa]Conclusão: vale a pena?[/b:380ae3aaaa]
DEPENDE. É muito difícil dizer “não compre esse avião” porque o T6 tem qualidades inegáveis. É muito bonito e, se você dominar bem um esporte acrobático, vai se divertir com ele no ar. O voo é liso e sempre veloz. Mas o principal atrativo dele é também seu maior ponto fraco: o trem retrátil. Eu não acreditei nos americanos que diziam que o trem era muito frágil e difícil de regular, e que colapsava com facilidade. Alguns tiveram boas experiências com ele, outros tiveram experiências ruins. Eu fui um dos que se frustaram com ele. O pouso é sempre veloz e demanda demais de um trem de pouso tão frágil. Além disso, esse T6 é excessivamente pesado. Não há necessidade desse peso para o avião, nem por causa dos retráteis. Eu acho que esse avião seria perfeitamente possível de ser executado com 750g, talvez até menos (o que baixaria bastante a carga alar dele). Uma pena, já que normalmente os modelos da TWM são leves, bem construídos e excelentes não apenas de vôo, mas também no pouso.
Então, eu recomendaria esse T6 se você for um apaixonado de verdade pelo modelo, e se estiver realmente disposto a realizar uma intervenção grande, trocando os retráteis originais por servoless. Daí, o preço inicial já fica menos atrativo, e a ideia de ARF dele vai por água abaixo. Se torna um projeto bem mais complexo. A decisão é sua! Mas se você não couber direitinho dentro desse perfil, eu não recomendaria a compra. Eu, que já tenho o modelo, tenho dúvidas se vou realizar essa reforma grande (em que eu tentaria até aliviar mais peso dele) e se ele voltará a voar. E eu não comprarei outro T6 desses. Afinal de contas, o hobby tem que nos divertir, não nos deixar tensos. Mas quando eu vejo essa yellow bird... me encanto com sua beleza e me esqueço dos problemas...

[b:380ae3aaaa]Prós[/b:380ae3aaaa]
-É lindo. Não tem jeito de não se apaixonar com ele no primeiro olhar. Parece um brinquedo reluzente.
-Vem com toda a montagem para o trem retrátil.
-É veloz. Como não gostar de um avião veloz?
-Voa reto. É muito estável, gostoso no ar. Não tem maus hábitos em alta velocidade.
-É detalhado, e isso conta muito num avião escala.
-Comandos bem dimensionados. O curso dos comandos sugerido no manual (que parece ser pouco pra quem está acostumado com acrobáticos...) acerta na mosca. O avião não tem comandos demais nem de menos.
-Construção caprichada e bonita.
-Baia da bateria com tampa prática: você não tem que tirar a asa pra trocar a bateria, como ocorre em alguns outros warbirds.
-Asa destacável da fuselagem, essencial para um avião dessa envergadura.
-Adesivos completos, de qualidade e fáceis de colar.
-Já falei que ele é lindo?
[b:380ae3aaaa]Contras[/b:380ae3aaaa]
-Trem de pouso com servo externo frágil e de difícil regulagem. A TWM deveria substituir esse trem de pouso (usado também no P51 40EP e em vários outros warbirds) por um trem servoless de qualidade. Eu pedi dois kits de e-tracts 15 da E-flite pra substituir os trens dele e do P51 e vou tentar usar rodas de 2 pol e os trens um pouco mais compridos no T6, pra ficar mais escala.
-Avião pesado para as dimensões dele. Nem o trem retrátil justifica o peso excessivo.
-Comportamento em stall crítico. Ele cai de ponta de asa, mas quase todo warbird que se preza faz isso. Pra diminuir esse comportamento, o diferencial e um pouquinho de spoiler são fundamentais. E voar rápido também é bom.
-Os adesivos quase todos respeitam muito a escala, mas o par de asas da USAF que vai na fuselagem é um pouquinho maior que deveria. É o único senão desses adesivos, e você só saberia disso se antes tivesse pesquisado sobre o TA 252 e visto fotos dele. Eu fiz isso...
Vamos melhorar o nível do e-voo: se observar grosseria ou falta de educação, CLIQUE NO BOTÃO DENUNCIAR!!!
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brunollo
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Mensagem por brunollo »

Pessoal, o próximo review será de um outro avião da The World Models, um "fun flyer"!
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Hidden
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Mensagem por Hidden »

Muito bacana o review...

Pela sua descrição do vôo, se parece muito com o Zero Fighter da TWM, tive um e o vôo era até tranquilo, mas o pouso um pouco crítico, porém com os retráteis do meu não tive problemas.

Abraços.
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cwinkler
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Mensagem por cwinkler »

Me pareceu bem transparente suas impressões sobrre o modelo
E como esta durando a entelagem ? estamos com problemas aqui com TWM ; de um ano para o outro , quando acaba chuva , vem a seca -baixa umidade - a madeira trabalha um pouco- a entelagem solta toda e mesmo corrigindo com um ferrinho quente -não fica bom.
Não sabendo que era impossivel ; foi lá e fez.
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brunollo
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Mensagem por brunollo »

Hidden, um amigo meu comprou o P47 dessa mesma linha. Como o T6, ele tem carga alar bem alta. Deve ser também o problema do Zero, e eu sei que o P51 dessa linha de 1m também sofre com o peso excessivo, acho que é um problema dessa linha. Eu estou me enchendo de coragem pra, armado de uma Dremel e espírito estripador, arrancar pelo menos uns 100g desse avião. Ainda não sei como...
Cwinkler, os filmes mais leves, como o Lightex, normalmente trabalham mais e enrugam, acho que justamente porque são mais finos. O T6 foi "esticado" uma vez, antes da montagem, e não deu mais problemas. O Sky Walker sofre sessões de estica-e-puxa semestrais (já sofreu três) por causa das mudanças climáticas, mas ainda ficaram perfeitas. O Extra 300 já tomou vááárias "esticadas", e agora o filme não responde mais tão bem em alguns pontos críticos, com curvas, como o turtledeck. Mas é um avião de quatro anos que voa quase todo fim de semana no esquema hardcore. O bichinho está até aguentando bem, na minha visão.
Pessoal, sobre os warbirds da TWM garanto que o próximo warbird será uma indicação com resultados muito melhores... aguardem os próximos reviews!
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Juliano Kamikaze
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Mensagem por Juliano Kamikaze »

Olá! Eu ganhei um avião desses de um amigo meu que derrubou o avião no primeiro vôo. E já terminei de consertar e montar. Deixei praticamente novo denovo :D ...

Ganhei o avião sem o motor. Então acabei fazendo uma compra de alguns motores na HK. Qual desses você acha que vai rodar melhor com uma hélice Masterscrew 9x6? veja os links abaixo dos motores que eu comprei.

http://www.hobbyking.com/hobbyking/store/uh_viewItem.asp?idProduct=15193

http://www.hobbyking.com/hobbyking/store/uh_viewItem.asp?idProduct=14742

http://www.hobbyking.com/hobbyking/store/uh_viewItem.asp?idProduct=5688

http://www.hobbyking.com/hobbyking/store/uh_viewItem.asp?idProduct=16230

Desde já agradeço pelas dicas. Um grande abraço!
Juliano
Drzinho
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Mensagem por Drzinho »

Video Estilo: Que chuva que nada, so quero saber de voar e de mais ninguém! hauishoduiahsuidasd

Muito lindo!
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brunollo
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Mensagem por brunollo »

Olá Juliano! desculpe o atraso na resposta. Rapaz, para o T6 eu iria com o HK DOnkey ou o 3530 da NTM. Abraços!
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brunollo
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Mensagem por brunollo »

DRZinho, eu gosto muito de voar assim que a chuva acaba, normalmente o vento para, o Sol não incomoda e a temperatura fica bem amena, é bem agradável. Abs!
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brunollo
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Mensagem por brunollo »

Pessoal, depois de um tempo, vou fazer um update do T6. Ele voltou a voar, com um pouquinho menos de peso (menos uns 30g) e retráteis da e-flite. O pouso veloz e que precisa ser muito bem encaixado é uma característica dos T6 mesmo, e esse não é exceção. O uso de retráteis servoless é a melhor indicação pra ele. Os servoless dão outra confiabilidade no sistema. Em breve vou finalizar o P51 40EP da TWM e vou fazer o review dele também, acho que vocês vão gostar. Abs!
Trancado